A Assembleia Geral de 19 de agosto de 1940, destinada a eleger os novos órgãos sociais da Associação de Futebol de Santarém, acabou por centrar a discussão nas dívidas de clubes e na respetiva sanção de irradiação a um deles.

Na apreciação ao relatório da Direção, referente ao exercício findo, Fausto Oliveira interpelou a mesa, dizendo que “a direção do seu clube, o Sport Lisboa e Santarém, concordava com a sua irradiação da AFS, em face da dívida citada no relatório, mas que não concordava que as dívidas de outros clubes não tivessem sido mencionadas”.

Já Alfredo Ferreira, delegado de “Os Leões”, suscitou que lhe fosse explicada a proveniência da dívida do seu clube “na importância de 563$65". Ao que o vice-presidente da Direção, Fernando Mendes (Sporting Club Ribeirense), esclareceu que “a dívida era de 632$65, sendo 563$65 do arranjo de um portão no Campo de Jogos Alfredo Aguiar e 69$00 de débito à AFS”. Lembrou ainda que a Direção anterior tinha recebido a 30 de julho plenos poderes para a cancelar a dívida da obra do portão, visto que o Campo Alfredo Aguiar era utilizado por todos os clubes da cidade. Só que não o fez e agora a sua Direção não tinha poderes para isso.

Alfredo Ferreira recordou que a dívida era antiga e leu então à Assembleia uma carta de Cândido de Oliveira, quando este era presidente da Direção da AFS, dirigida ao presidente do Sport G.S. “Os Leões”, sobre este mesmo assunto, em que “confirmava que a AFS havia concedido uma verba de 800$00 para a reconstrução do portão do Campo de Jogos, visto que eram beneficiados todos os clubes da cidade; mais dizia que, o tesoureiro escriturara a citada verba na conta empréstimos e não subsídios, como era legal”.

Posto isto, apresentou uma proposta para que a futura Direção da AFS tenha “plenos poderes para solucionar em definitivo o cancelamento da importância despendida para colocação do portão no Campo Alfredo Aguiar”; o que a Assembleia Geral aprovou por unanimidade.

Inconformado, continuavam Fausto Oliveira, do Sport Lisboa e Santarém, com a medida suspensiva de filiado na AFS que havia sido aplicada ao seu clube; estranhando António Ferreira que não tivesse beneficiado da mesma regalia atribuída a outros clubes, e citou o caso do Operário Vilafranquense que “a certa altura abdicou de jogar e não foi castigado”, assim como “o União do Entroncamento também era devedor e não estava suspenso”.

Fenando Mendes esclareceu que a Direção esperou 9 meses pela taxa de filiação do Sport Lisboa e Santarém e que este clube “nem sequer respondera aos vários ofícios, e daí a sua consequente suspensão”.

Nota histórica – Foi no ano de 1932 que surgiu o Sport Lisboa e Santarém, como filial do Benfica, clube consagrando à prática do futebol e do ciclismo, mas sem nunca atingir a auréola de "Os Leões", do União Operária ou da Associação Académica. Foram carolas do projeto Joaquim Vicente Serrão (pai do historiador Veríssimo Serrão), juntamente com Fausto de Oliveira, mais conhecido pelo Fausto do Peixe, além de António Mendes e outros benfiquistas locais.  

Seguidamente, foram eleitos os corpos gerentes da AFS, para a época 1940-41, em lista única, que colheu 100 votos, assim constituídos:

Assembleia Geral: presidente, Dr. Manuel Ginestal Machado (Os Leões); vice, Vicente Pedro da Cunha (Operário Vilafranquense); secretários, Eduardo Augusto de Sousa Máximo (Académica) e António Bernardo Pereira (União Operária).

Direção: presidente, Fernando de Oliveira Mendes (S.C. Ribeirense); vice-presidentes, José Carlos Rodrigues Malta (Operário Vilafranquense) e Alfredo Ferreira (Os Leões); secretário-geral, António Damásio Gama (Académica); tesoureiro, Ricardo Mariano Júnior (Empregados do Comércio); vogais, José dos Santos Ferreira (Empregados do Comércio) e Manuel Bico Júnior (Águia Vilafranquense).

Conselho Fiscal e Jurisdicional: presidente, Celestino Graça (Académica); vice, Francisco Gaspar (Os Leões); secretário relator, Agostinho Mariano (Sporting de Tomar); vogais, João Lopes (S.C. Povoense), Carlos Júlio Pedro da Costa (Empregados do Comércio).

Conselho Técnico: presidente, Joaquim dos Santos (Empregados do Comércio); vogais, António da Costa Alves (Empregados do Comércio) e José Neves do Ó (Académica).