O ano de 1938 ficaria marcado por um insanável desacordo entre os clubes do Norte e os clubes do Sul, após a decisão tomada em Assembleia Geral de alterar as regras do campeonato distrital.

Em reunião realizada a 30 de julho, na sala e sessões da Académica, com a presença de representantes de 14 clubes, decidiu a Direção da Associação de Futebol apresentar, pelo seu vice-presidente Celestino Graça, a seguinte proposta de alteração ao regulamento do campeonato distrital: “que a final se dispute em dois jogos, um em cada campo dos finalistas, e em caso de empate que o jogo decisivo se faça na capital de distrito; e no caso de este sistema não parecer mais conveniente, se realize uma poule em duas voltas entre os dois primeiros classificados de cada uma das zona”.

Entre as várias intervenções que se sucederam, destaca-se a do representante do Futebol Club do Entroncamento, que apresentou a seguinte proposta: “… que a final do campeonato seja disputada em campo neutro”.

Colocadas à votação as duas propostas, seria aprovada a primeira, da Associação de Futebol, por 81 votos, contra apenas 44 recolhidos pela proposta do representante do F.C do Entroncamento.

Face a este resultado, os representantes dos clubes da Zona Norte manifestaram o seu desagrado pela decisão tomada pela maioria da Assembleia e declararam, em uníssono, “continuarem filiados na Associação e Futebol de Santarém, mas não mais concorrer aos campeonatos”.

O presidente da Associação Académica tentou por água na fervura e chamar os representantes dos clubes da Zona Norte à razão, mas sem sucesso.

Celestino Graça, ainda apresentou nova proposta, lateral à polémica, mas apaziguadora, e que seria aprovada por maioria. Dizia o seguinte: “Atendendo a que a organização dos jogos do campeonato do distrito na zona norte sai da conta dos concorrentes e que, portanto, os resultados são maiores, propomos que a percentagem a cobrar pela Associação de Futebol a esses clubes seja de dez por cento, em vez de quinze como até agora.”

Na reunião seguinte, a 8 de outubro, voltou a ser apreciado o regulamento do campeonato do distrito, “em consequência dos novos Estatutos da Federação Portuguesa de Futebol.” A Assembleia começou com apenas sete clubes presentes, todos eles da Zona Sul (agora designada Série A); embora, no decurso da reunião, acabassem por entrar representantes de seis clubes da Zona Norte (Série B). Mas o diferendo sobre o local do jogo da final do campeonato continuava a dividir a Assembleia.

Coube ao Sporting de Tomar falar em representação dos clubes congéneres do Norte, para dizer que bastava a Assembleia retirar a obrigatoriedade de o jogo da final do Campeonato ser na capital de distrito, e passar a ser em campo neutro, para os clubes do Norte voltarem a participar no campeonato. A recusa manteve-se, de parte a parte, embora com a advertência censória: “os clubes que se recusem a participar no Campeonato Distrital na época de 1938-1939, podem baixar à 2ª Divisão na época seguinte.”

Facto é que o Grupo Desportivo da Matrena venceu neste ano de 1938 o Campeonato Distrital; tornando-se, assim, o primeiro clube de empresa (no caso da Fábrica de Papel da Matrena, em Tomar) a conquistar o galardão principal do distrito. Dois outros clubes de empresas vieram a sagrar-se campeões anos depois, foram eles o CD Ferroviários, do Entroncamento e, na 2ª Divisão, o CD Os Mineiros, de Rio Maior.

Destaque-se ainda que, neste ano de 1938, os clubes de Vila Franca de Xira e de Alhandra passaram a integrar a Associação de Futebol de Santarém.

A primeira Assembleia Geral, realizada me julho, elegeu ainda os novos órgãos sociais que ficaram assim constituídos:
Presidente da Assembleia Geral: Dr. Manuel de Almeida Ginestal Machado (por “Os Leões”; refira-se ainda que era filho daquele que foi Reitor do Liceu de Santarém e Primeiro-ministro de Portugal na 1ª República); vice-presidente, Fernando Oliveira Mendes (S.C. Ribeirense); secretários, António de Sousa M. (Académica) e Carlos Júlio Pedro da Costa (U.F.C. Almeirim).

Direção: presidente, Dr. Eurico Ferreira (“Os Leões); vice-presidente, Celestino Graça (Académica); secretários, Francisco Valente (União de Tomar) e Arlindo Ramos (União Operária); tesoureiro, Ricardo Mariano (Empregados do Comércio); vogais, Cândido Cardoso da Silva (Ribeirense), António Mendes (S.L. Santarém) e João Ferreira. Todos com 125 votos.

Conselho Fiscal: Joaquim dos Santos (Empregados do Comércio), Fausto H. (S.L. Santarém) e Francisco Gaspar (“Os Leões”).