A proposta bizarra de entregar chaves e documentos à Polícia (1937)
Rubrica 100 Anos em 100 Dias
09 setembro 2024
Centenário
O ano de 1937 viria sagrar, pela segunda época consecutiva, a Associação Académica de Santarém como campeã distrital.
Mas o iniciou-se a reunião da Assembleia Geral, a 15 de janeiro, destinada a eleger os novos corpos sociais da Associação de Futebol, uma vez que tanto a Direção, como a mesa da Assembleia Geral, se haviam demitido após a conturbada reunião de dezembro último.
Ainda com os ecos dessa atrabiliária reunião (que a anterior direção considerou ilegal), também esta de janeiro começou coxa, quando Joaquim dos Santos declara que, “de acordo com o artº 18 dos Estatutos”, que obriga a oito dias de antecedência da convocatória, “a Assembleia não pode eleger os corpos gerentes”, pelo que, para obstar a este inconveniente, propõe “que a Assembleia Geral se mantenha em sessão permanente”.
O presidente da mesa, Carlos Marques, incomodado com a observação, recorda que os órgãos sociais se encontram todos demissionários, pelo que informa que “vai entregar os documentos e as chaves ao Sr. Comandante da Polícia”.
Joaquim dos Santos ri, e de imediato pede desculpa, justificando-se com o insólito da proposta. O presidente da mesa propõe, então, que a Assembleia continue “em sessão permanente pelo período de dez dias”, o que é aprovado.
Reaberta a sessão, com a presença de representantes de 12 clubes e vários sócios individuais, num total de 93 votos, procede-se à eleição dos órgãos sociais, que ficaram assim constituídos: presidente da Assembleia Geral, Dr. Eurico Ferreira (“Os Leões”); vice, Augusto José da Silva; secretários, António Wenceslau (Empregados do Comércio) e Joaquim Gonçalves Isabelinha (União de Almeirim);
Direção: presidente Joaquim Rodrigues Júnior (“Os Leões”); vice-presidente João Pereira (união do Entroncamento); secretários, Fernando Mendes (Tramagal) e Joaquim Ferreira (11 Unidos do Entroncamneto); vogais, José Ferreira da Silva (União Operária) e Manuel Codina (Casa do Povo de Abrantes); tesoureiro, Ricardo Mariano Júnior (Empregados do Comércio). Conselho Fiscal: Alberto Baptista, Francisco Valente e Augusto Figueiredo Lima.
Na mesma reunião, o delegado do União Operária questiona a mesa para saber “por que razão foi debitado ao seu clube as despesas feitas com os estragos causados no Salão dos Bombeiros Voluntários na última Assembleia, quando foi 1/3 dos sócios que a convocou, e que além disso não tem culpa que a Associação de Futebol não tenha sala para realizar as suas reuniões”.
Não obteve resposta qualquer resposta, pelo que ficou a arcar com as respetivas despesas. Mas na reunião seguinte, a 3 de fevereiro, viu decidido, por maioria, ser o seu clube ressarcido de 50$00 por um protesto contra a Associação Académica.
Na última reunião do ano, a 18 de setembro, o União Operária ainda não tinha recebido os 50$00, pelo que voltou a reclamar essa verba.
Na mesma reunião foram eleitos os novos órgãos sociais, para a época de 1937/1938, que ficaram assim constituídos: presidente da Assembleia geral, Dr. Eduardo Figueiredo (“Os Leões”); vice, Augusto José da Silva; secretários, Cândido Cardoso da Silva (S.C. Ribeirense) e Aurélio Fernandes Gomes (União Operária).
Direção: presidente, Dr. Eurico Ferreira (“Os Leões”); vice-presidente, Celestino Pedro da Silva Graça; secretários, José Guimarães e Francisco Valente (União de Tomar); tesoureiro, Ricardo Mariano Júnior (G.F. Entroncamento); vogais, Vasco Carvalho (A. Académica) e Horácio Bicho (S.L. e Santarém). Conselho Fiscal: Fernando d’ Oliveira Mendes (S.C. Ribeirense), Joaquim dos Santos (Empregados do Comércio) e António Maria d’ Almeida (11 Unidos do Entroncamento).